Tivemos a oportunidade de falar um pouco sobre a nossa história e o trabalho que a Quíron vem desenvolvendo no Brasil.

São notícias como essa que nos motivam ainda mais a trabalhar em prol de uma nova realidade.
Você pode conferir a matéria original no link a seguir (em francês) ou a tradução livre logo abaixo.

https://www.humanite.fr/systeme-educatif-bresilien-si-ne-fait-pas-partie-de-la-solution-fait-partie-du-probleme-563691

Sistema educacional brasileiro: se não somos parte da solução, somos parte do problema.

Munidos de um espírito empreendedor e de um sentimento de responsabilidade social, dois brasileiros criaram uma escola que propõe um novo método de ensino. Daniel Dipp e Fernando Granato perceberam em seu novo sistema educativo uma oportunidade de mudar o futuro do Brasil.

Foi durante a Copa do Mundo de 2006 que Dipp, após ver um amigo tentar roubar um indivíduo, passou a medir as diferentes realidades de seu país. “A violência é resultado da desigualdade e de um sistema educativo deficiente”, diz ele. Granato, por outro lado, viveu na Rússia, onde a taxa de alfabetização é de 100%.
O país do futebol não marca belos gols quando se trata de educação. Segundo um relatório da ONU, aproximadamente metade dos jovens brasileiros abandonam a escola quando chegam ao ensino médio, o que posiciona o Brasil entre os três países com maior número de desistência escolar dentre os países mais desenvolvidos. Para Helena Singer, especialista em educação, isso é devido à lacuna existente entre a vida dos jovens e um sistema que permanece ancorado em métodos do passado.
Para tentar mudar essa realidade, Dipp e Granato criaram, em outubro de 2012, a Quíron – Educação para o Protagonismo, graças aos 7.500 reais que eles arrecadaram por meio de uma plataforma de financiamento coletivo. O nome que eles deram – Quíron – foi inspirado no centauro da mitologia grega. A concepção da escola repousa na teoria estabelecida, no século passado, por um antropólogo americano, Joseph Campbell, “A Jornada do Herói ou Monomito”. Segundo essa teoria, todos os heróis míticos começam sua aventura a partir de um chamado: a Quíron recorre a essa metáfora de uma viagem interior que começa com uma aventura e se abre em direção à mudança do mundo, para ajudar adolescentes a terem uma consciência mais rica de si mesmos.
Como as escolas tradicionais brasileiras não recebem alunos no contraturno, o curso da Quíron acontece de manhã ou à tarde. Fundado sobre os pilares pedagógicos da UNESCO – aprender a ser, a conhecer, a fazer e a conviver com os outros – a escola encoraja seus jovens a “sair da caixa” e a perseguir seus sonhos. Segundo os facilitadores, André Bakker e Andréia Beraldo, os alunos são constantemente levados a refletir sobre a realidade em que vivem e a encontrar soluções para os problemas através de dinâmicas de grupo. Os estudantes que participaram do projeto se transformam em protagonistas de seus futuros, mais engajados no curso regular e preocupados com o meio em que vivem.
Dipp e Granato esperam continuar a inspirar jovens: como o caso de Eliza, que relata: “Eu aprendi que eu posso ir mais longe”. Dipp, por sua vez, explica que o objetivo principal é “que daqui a 40 anos, esse tipo de escola não seja mais necessária e que todos os jovens possam ter uma educação de qualidade”.